Cerca de 3,7 bilhões de pessoas no mundo estão lutando para sobreviver com menos de US$ 8,30 por dia, enquanto o 1% mais rico do planeta viu sua fortuna crescer significativamente, acumulando mais de US$ 33,9 trilhões desde 2015. Esse montante, segundo a Oxfam, seria suficiente para erradicar a pobreza global 22 vezes. Essas informações foram divulgadas no relatório "Do Lucro Privado ao Poder Público: Financiando o Desenvolvimento, Não a Oligarquia", publicado em 25 de julho, em meio à maior conferência internacional sobre financiamento do desenvolvimento da última década, realizada em Sevilha, na Espanha.
O relatório revela que a riqueza de apenas 3 mil bilionários cresceu em US$ 6,5 trilhões nesse período, representando 14,6% do PIB global. Em comparação, a riqueza privada global aumentou US$ 342 trilhões entre 1995 e 2023, enquanto a riqueza pública dos governos subiu apenas US$ 44 trilhões. Amitabh Behar, diretor executivo da Oxfam Internacional, afirmou que a concentração extrema de riqueza está dificultando os esforços para acabar com a pobreza e que os interesses da elite têm sido priorizados em detrimento das necessidades da população.
Além disso, o relatório destaca que os governos de países ricos estão implementando os maiores cortes na ajuda humanitária e ao desenvolvimento já registrados, com os países do G7 planejando reduzir sua ajuda em 28% até 2026. Esses cortes podem resultar em consequências devastadoras, incluindo a morte de até 2,9 milhões de pessoas até 2030, apenas por causas relacionadas ao HIV/AIDS. Muitos dos países mais pobres enfrentam crises de dívida, pagando mais aos credores privados do que em serviços essenciais como educação e saúde.
Apesar desse cenário alarmante, uma pesquisa em 13 países, incluindo Brasil, Canadá e Estados Unidos, mostrou que 9 em cada 10 pessoas apoiam a taxação dos super-ricos para financiar serviços públicos e ações contra a crise climática. A Oxfam defende uma mudança no modelo atual de desenvolvimento, que favorece grandes investidores, propondo que os governos adotem políticas que priorizem o interesse público, como formar alianças para enfrentar a desigualdade, investir em serviços públicos e reformar o sistema de dívidas globais.
As propostas do relatório serão apresentadas oficialmente no dia 30 de junho, na Espanha, durante a 4ª Conferência Internacional sobre Financiamento para o Desenvolvimento, com a participação de mais de 190 países. Behar concluiu enfatizando que trilhões de dólares estão disponíveis, mas concentrados nas mãos de poucos, e que é essencial ouvir as demandas da população por uma taxação justa e investimentos em áreas cruciais como saúde, educação e energia limpa.
Fonte: G1
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