Nesta segunda-feira (19), o ex-coordenador de inteligência da Polícia Rodoviária Federal, Adiel Pereira Alcântara, prestou depoimento no STF e revelou que ouviu uma ordem do então diretor de operações da PRF, Djairlon Henrique Moura, para que a inteligência atuasse de modo a reforçar abordagens de ônibus e vans durante as eleições de 2022, com a orientação de "tomar um lado". A instrução, segundo Alcântara, teria vindo do próprio diretor-geral da PRF, e envolvia focar veículos de determinados estados com destino ao Nordeste, alegando alta incidência de acidentes nesse trajeto, o que ele considerou uma orientação suspeita, pois achou estranho o direcionamento.
O depoimento faz parte das investigações do STF sobre uma possível trama golpista para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no cargo após sua derrota nas eleições de 2022. As apurações indicam que recursos da PRF e do Ministério da Justiça foram utilizados para tentar impedir o voto de eleitores de Lula, em um movimento que, segundo denúncia, visava criar obstáculos ao processo democrático. A testemunha também afirmou que a orientação foi reiterada em reuniões com diretores regionais, reforçando a suspeita de uma intervenção indevida na atuação da polícia durante o período eleitoral.
Durante a audiência, o ministro Alexandre de Moraes advertiu o ex-comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, sobre possíveis contradições em seus depoimentos. Moraes ressaltou que, se o general mentiu à Polícia Federal, também não poderia omitir a verdade no STF. Freire Gomes afirmou que nunca mentiria, reafirmando sua oposição a um golpe e destacando que, em uma reunião em março de 2024, ele e o brigadeiro Baptista Júnior se posicionaram contrários a uma minuta de decreto que incluía medidas autoritárias, como Estado de Defesa. As oitivas fazem parte do esforço do STF de esclarecer possíveis ações coordenadas para tentar alterar o resultado das eleições de 2022.
Fonte: G1
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