A recente megaoperação no Rio de Janeiro, apesar do trágico saldo de mais de 120 mortos, apresentou uma tática policial que merece ser analisada pela sua inteligência: direcionar o confronto com os criminosos para áreas de mata, longe das vielas e residências.
Essa estratégia se mostra bem-sucedida não pelo resultado letal em si, mas por priorizar a preservação da vida dos moradores, que historicamente são as maiores vítimas da guerra urbana nas favelas cariocas. Operações policiais em grandes complexos costumam resultar em tiroteios nas ruas, colocando a população civil, que nada tem a ver com o conflito, em meio ao fogo cruzado.
Desta vez, a abordagem inverteu esse cenário ao direcionar os criminosos em fuga para a mata, onde um cerco policial os aguardava. A escolha do terreno é fundamental; a mata é um ambiente isolado, sem circulação de moradores, comércio ou áreas de lazer. Ao levar o confronto para lá, minimiza-se drasticamente o risco de balas perdidas atingirem inocentes, permitindo que o combate ocorra essencialmente entre policiais e criminosos.
Essa estratégia tática remete à ocupação do Complexo do Alemão há quase 15 anos, quando muitos traficantes também escaparam pela mata. Naquela ocasião, a falta de um bloqueio policial eficaz na rota de fuga foi motivo de críticas. Agora, a polícia parece ter aprendido com o passado, posicionando efetivo na mata para interceptar as fugas.
Embora se possa argumentar sobre o resultado final da operação, do ponto de vista tático, a estratégia de isolar o confronto na mata representa um avanço. Essa escolha demonstra uma maior preocupação com a vida dos moradores, buscando preservar inocentes ao levar a "guerra" para um terreno onde apenas os combatentes estão presentes. Essa mudança de abordagem pode ser vista como um passo na direção de operações mais responsáveis e conscientes do impacto sobre a comunidade.
Fonte: G1


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