Uma estudante de medicina teve sua bolsa de estudos suspensa pela Prefeitura de Anápolis (GO) após a identificação de indícios de incompatibilidade entre a renda declarada e o estilo de vida exibido nas redes sociais. A jovem fazia parte do Programa Graduação, voltado ao custeio de mensalidades em instituições privadas, mediante comprovação de baixa renda.
A decisão judicial que manteve a suspensão do benefício foi proferida na última sexta-feira (18). O Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) apontou que, durante o processo, vieram a público fotos e vídeos da estudante em viagens internacionais, o que, segundo os autos, não condiz com a condição socioeconômica informada no ato da inscrição.
A defesa da estudante argumenta que as viagens não foram financiadas pela família e que provas serão apresentadas para esclarecer os fatos. Já o Ministério Público de Goiás, por meio do promotor Alberto Cachuba, informou que vai instaurar procedimento administrativo para investigar eventuais irregularidades no acesso ao benefício.
A Prefeitura de Anápolis declarou que interrompeu temporariamente a concessão de novas bolsas no início de 2025, após levantar suspeitas sobre fraudes no programa. Uma sindicância foi aberta e uma comissão especial foi instituída para reavaliar os casos.
No processo, a jovem afirma que recebia a bolsa regularmente até o segundo semestre de 2024, mas que, a partir de 2025, os repasses da prefeitura para a universidade particular foram interrompidos. Ela alega ter acumulado uma dívida de R$ 47,3 mil em mensalidades, o que teria impedido sua rematrícula.
A Justiça inicialmente determinou que a instituição permitisse a rematrícula mesmo sem pagamento, mas a decisão foi revogada após a abertura da auditoria. A partir da investigação, o TJ-GO destacou a renda da mãe da estudante, que atua como advogada, possui empresa própria e também recebe salário como servidora estadual, somando mais de R$ 12 mil mensais, o que reforçaria a tese de renda incompatível com os critérios do programa.
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