Preocupação com aumento nas recusas de familiares afeta doações de órgãos no Hospital São Vicente em Jundiaí


No Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV), reconhecido como Hospital Amigo do Transplante, tem-se observado um aumento preocupante nas recusas familiares em relação à doação de órgãos, impactando diretamente o número de captações.

Entre 2023 e 2025, mais de 20 oportunidades de salvar vidas foram perdidas devido a negativas familiares, mesmo após a confirmação de morte encefálica, que é a condição legal e médica necessária para a doação. Em 2023, foram registradas 5 recusas, número que dobrou em 2024, chegando a 10, e já soma 7 recusas em 2025, refletindo um crescimento alarmante.

A falta de clareza sobre o desejo do falecido, crenças religiosas e o receio quanto à integridade do corpo são fatores que contribuem para essas recusas. Raíssa Gabriela Fileli, enfermeira da Comissão Intra-Hospitalar de Transplantes do HSV, destaca que a ausência de diálogo prévio sobre a doação dificulta a tomada de decisão em momentos de dor e desinformação.

A legislação brasileira exige o consentimento da família para a doação, mesmo que o desejo de doar possa ser registrado em documentos. Portanto, é crucial que as pessoas discutam abertamente sobre essa vontade.

O médico intensivista Dr. Eduardo Leme ressalta a importância de conversar sobre o desejo de ser doador, enfatizando que essa atitude pode salvar vidas em situações de morte encefálica. Entre 2023 e 2025, o HSV notificou 59 casos de morte encefálica, mas a captação de órgãos, como rins e córneas, caiu significativamente.

Além do aspecto técnico, a Comissão Intra-Hospitalar de Transplantes proporciona acolhimento humanizado às famílias, incentivando-as a refletir sobre a possibilidade de transformar a dor da perda em um gesto de vida. O hospital orienta: converse com sua família sobre sua vontade de ser doador, pois essa comunicação pode ser decisiva em momentos difíceis.

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