O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) prestou depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (10), onde afirmou que os ministros nunca o viram agir contra a Constituição. "Eu agi dentro das quatro linhas o tempo todo. Às vezes eu me revoltava, falava palavrão, mas fiz aquilo que devia ser feito", declarou, enquanto levantava um exemplar da Constituição durante sua fala.
O depoimento, iniciado às 14h33, é considerado um dos mais esperados no contexto do processo sobre a suposta trama golpista. Esta é a primeira vez que Bolsonaro responde a perguntas do ministro Alexandre de Moraes, que tem sido alvo das críticas do ex-presidente e agora é responsável por conduzir o processo que pode resultar em sua prisão.
Bolsonaro também mencionou que não era o único a criticar as urnas eletrônicas, afirmando que utilizou essa retórica desde 2012. Para sustentar sua argumentação, leu declarações antigas de políticos de esquerda, sem contextualizá-las, para demonstrar que outros também questionavam o sistema eleitoral.
Durante o depoimento, Bolsonaro admitiu ter conversado com os chefes das Forças Armadas sobre a possibilidade de decretação de estado de defesa, estado de sítio ou GLO (Garantia da Lei e da Ordem), embora tenha tergiversado sobre os motivos para essas discussões.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa Bolsonaro de ser o líder de uma organização criminosa que tentou dar um golpe de Estado após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo a denúncia, a organização tem forte influência de setores militares e se desenvolveu de maneira hierárquica, com divisão de tarefas entre seus integrantes.
As acusações mais graves referem-se às ações de Bolsonaro no final de seu governo, quando ele teria recebido, editado e discutido minutas golpistas com os chefes das Forças Armadas. A PGR sustenta que os planos golpistas não avançaram devido à recusa dos chefes do Exército e da Aeronáutica em aderir à proposta.
Bolsonaro é o sexto réu do núcleo central da trama a prestar depoimento ao STF nesta semana. Antes dele, já haviam falado Mauro Cid, Alexandre Ramagem, Anderson Torres e Augusto Heleno. Os últimos a se defender serão os generais Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto.
Fonte: JR
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